Já se foi o tempo em que procurar um
produto de beleza que fosse “compatível” com um tipo de pele era uma
cruzada. Hoje em dia, os produtos de beleza são desenvolvidos com
tecnologia de ponta que não só se adaptam facilmente a todos os tipos de
pele, como são desenvolvidos também para atuar nela. Ou seja, a performance do produto prevalece ao seu efeito.
Uma das ações pioneiras da aliança beleza
+ tecnologia aconteceu em 1989, à epoca do derrame de óleo da Exxon
Valdez no Alasca, quando alguns cientistas notaram que existiam pedaços
de água limpa no meio do óleo. A razão? As algas tinham comido parte do
óleo. Janet Pardo, a cientista vice-presidente sênior de desenvolvimento
de produto na Clinique, pensou nas suas clientes e em como isso poderia
ser aplicado aos produtos que desenvolvia. Segundo os estudos da época,
75% a 80% das mulheres tinham pele mista, com áreas secas que
necessitavam de hidratação e partes mais oleosas que, pelo contrário,
requeriam um produto matificante. E assim, em 1997, depois de alguns
anos de pesquisa, nasceu a base Superbalanced Makeup, campeã de vendas até hoje.
Desde então, as pesquisas só aumentam e
passaram a pautar o mercado de beleza. A procura por produtos
especializados já não é feita com base no seu efeito final, mas em sua
capacidade de servir a cada usuário de uma maneira única. Os tipos de
pele são diferentes e os produtos têm que se adaptar ao maior número de
pessoas possível.
As marcas, por sua vez, cada vez mais
apostam em estudos de desenvolvimento de produto e contratam
especialistas para usar a ciência a favor da beleza. Não faz nem um ano
que a Chanel contratou uma dermatologista de Manhattan, Amy Wechsler,
que ficará encarregada de fazer a ponte entre a grife e o seu centro de
desenvolvimento e ainda de criar tratamentos com produtos da marca. A
sua contribuição estreante foi o Hydra Beauty Serum, que
oferece proteção antioxidante contra influências externas e estresse
fisiológico, e tem na sua formulação a flor da camélia, que além de ser
um símbolo da Chanel, é também um ingrediente ativo.
Outra marca que aposta na biologia – mais
propriamente na glicobiologia, ciência que estuda os componentes
moleculares ativos dos seres vivos –, é a Yves Saint Laurent, com o
lançamento da linha Forever Youth Liberator, que promete, de acordo com a sua formulação, melhorar a comunicação entre as células da pele para a reestruturar e regenerar.
A Estée Lauder, por exemplo, usa a técnica de “enganar a pele” com o seu Advanced Night Repair.
A fórmula, que contém colágeno e ácido hialurônico, ingrediente natural
da pele que a mantém jovem, foi desenvolvida para a pele acreditar que
está ficando sem esses ingredientes e começar a produzi-los
naturalmente. Um truque que conta com a capacidade regeneradora da
própria pele, à semelhança do Lancôme Visionnaire, um creme que contém LR 2412, uma molécula que reconhece os danos na pele e ativa o seu processo regenerador natural.
E quem não conhece os BB Creams? Os
famosos bálsamos para imperfeições, de formulação alemã, são uma espécie
de tudo-em-um originalmente utilizados para tratar a pele do rosto após
procedimentos cirúrgicos, mas que começaram a fazer sucesso na Coreia e
rapidamente foram difundidos mundialmente com a promessa de proteger a
pele e acabar com a vermelhidão, manchas e marcas.
O objetivo de todas estas pesquisas?
Utilizar menos ingredientes nas formulações, aproveitar a complexidade
regeneradora das plantas e de moléculas e entender e confiar cada vez
mais nas reações e na capacidade da própria pele, para criar produtos
adaptáveis. Que aliás, são o novo luxo.
XXXOOOO
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